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—Por que os papagaios falam?

Você com certeza já ouviu o ditado que diz “falar até papagaio fala”. Papagaios são aves bastante conhecidas por essa característica um tanto curiosa. Embora tenhamos o costume de dizer que os papagaios falam, eles na verdade possuem uma capacidade – também muito incrível – de imitação. De qualquer forma, você já se perguntou por que isso ocorre? Esta ainda é uma questão complexa e há muito o que ser investigado, mas estudos têm demonstrado que uma diferença entre o cérebro dos papagaios e o cérebro das outras aves é que os capacita a imitar os sons.


Alguns grupos de animais possuem uma capacidade de aprendizagem bem desenvolvida, mas são geralmente mamíferos, como elefantes, golfinhos, morcegos, focas e humanos. Porém, há três grupos de aves que também se destacam pela sua inteligência: Psittaciformes (papagaios, araras, periquitos, etc), Passeriformes (grupo que inclui aves canoras, corvos, etc) e Apodiformes (beija-flores e andorinhões) que possuem capacidade de aprendizado relacionada à vocalização bastante evidente.


As aves podem ser tão inteligentes, que pesquisadores descobriram 28 espécies que possuem mais neurônios em seus cérebros do que primatas e roedores com mesmo tamanho de massa cerebral. E as regiões de maior concentração desses neurônios estão justamente ligadas à capacidade de imitação da voz, utilização de ferramentas e até planejamento de futuro. Não são todas as aves que possuem a capacidade de imitar vozes, mas alguns grupos, como é o caso de papagaios e corvos, conseguem imitar outras espécies facilmente.


Há vários estudos sobre como se dá a aprendizagem a nível cerebral de aves, mas eles se restringiam a uma única espécie do grupo Psittaciformes, o periquito-australiano (Melopsittacus undulatus). De qualquer maneira, o que se sabia até então é que aves de canto, papagaios e beija-flores possuíam em seus cérebros uma região conhecida como “núcleo vocal”, que corresponde a um grupo de neurônios responsáveis pelo canto e pela capacidade de aprendizado dessas espécies. Mais precisamente, os núcleos podem ser divididos em duas vias, uma delas responsável pela aprendizagem vocal e social e a segunda responsável pela aprendizagem e elaboração das canções. Em todas as espécies os núcleos estão dentro ou muito próximos a regiões ativadas por movimentos motores e não vocais, o que torna plausível a hipótese de que a fala surgiu através da evolução de vias motoras compartilhadas por vertebrados.


Recentemente cientistas descobriram, que além do núcleo vocal, papagaios possuem uma área externa ao redor do núcleo que pode ser ativada e ligada a outras partes do cérebro de formas bastante distintas das outras aves. A “concha”, como foi chamada, foi estudada com maior atenção em diferentes espécies de papagaios, mas não foi encontrada em beija-flores e aves de canto, o que sugere que a região é a responsável por permitir a ‘fala’ dessas espécies. E o mais interessante é que quanto maior a “concha” maior a capacidade de imitação da espécie. Toda essa inteligência pode não ter surgido à toa, os cientistas que descobriram a concha acreditam que características como a capacidade de imitação surgiram para facilitar a comunicação entre os indivíduos na natureza.

Estudos têm demonstrado que uma diferença entre o cérebro dos papagaios e o cérebro das outras aves é que os capacita a imitar os sons. © Vanessa Kanaan

A concha pode ainda estar presente em espécies distantemente relacionadas, como é o caso do papagaio-da-nova-zelândia (Nestor notabilis), que também pertence ao grupo dos Psittaciformes mas não é proximamente aparentado às espécies estudadas e possui a região da concha mais limitada, sugerindo que a característica cerebral pode ter surgido em um ancestral comum há pelo menos 29 milhões de anos.


A hipótese para o surgimento dessa estrutura é de que o núcleo teria se duplicado e permitido que as células ganhassem funções novas, dando origem à “concha”. Se os próximos estudos permitirem que essas hipóteses sejam aceitas, considerando que as duplicações de núcleo tenham ocorrido no passado e permitido que áreas mais complexas fossem se originando, elas podem ser a chave para estudar áreas enigmáticas do cérebro de seres humanos.


Os estudos foram realizados em nove espécies da ordem Psittaciformes, sendo representadas por três superfamílias que inclui a família Psittacidae da qual o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) faz parte. Infelizmente ainda não há estudos específicos da concha realizados com esta espécie.


O que vemos aqui é que as aves podem ser muito mais inteligentes do que imaginamos e os roxinhos provam isso pra gente aqui no Instituto Espaço Silvestre todos os dias. Será que as conchas dos roxinhos são bastante desenvolvidas? O que vocês acham? Não deixe de escrever nos comentários a sua opinião.


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