Reintrodução do papagaio-de-peito-roxo
(Amazona vinacea)
VOANDO CADA VEZ MAIS ALTO
Situado entre os municípios de Passos Maia e Ponte Serrada, o Parque Nacional das Araucárias é uma das últimas áreas preservadas de vegetação de Floresta de Araucária. Ainda que abrigue diversas espécies de animais, o processo de desmatamento somado ao intenso tráfico de animais na região, levou à extinção local dos papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea) no meados do século XIX.
Pensando nesse problema, iniciou-se em 2010 o projeto de reintrodução do papagaio-de-peito-roxo, reabilitando animais vindos do tráfico de animais, resgate e entrega voluntária por cidadães comuns e devolvendo para a região. Após a primeira soltura, de 13 indivíduos em 2011, a equipe do Instituto Espaço Silvestre iniciou também no local o trabalho de monitoramento pós-soltura, através de observações diretas e rádio-telemetria.
Apesar do sucesso técnico-científico do projeto, ainda precisamos voar mais longe. Ainda eram comum relatos de caça e tráfico de animais na região, e através de articulações com órgãos governamentais e a iniciativa privada, dezenas de atividades de educação ambiental são realizados até hoje nas comunidades. Simultaneamente, treinamos inúmeros moradores locais para participarem do projeto através da ciência cidadã, integrando a conservação ambiental e a realidade local.
Até o momento, 186 papagaios passaram pelo rigoroso processo de reabilitação e conquistaram a liberdade. Foram 13 em Janeiro de 2011, 30 em Setembro de 2012, 33 em Junho de 2015, 7 em março de 2016, 30 em junho de 2017, 40 em outubro de 2018 e 33 em março de 2019. Em 2020, está sendo preparada a maior soltura desde do projeto, prevista para ocorrer no segundo semestre.
NOSSOS OBJETIVOS
(1) Reintroduzir o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) no Parque Nacional das Araucárias, SC, dando suporte necessário para o estabelecimento de uma população viável à longo prazo;
(2) Educar as pessoas sobre o papagaio-de-peito-roxo e seu habitat;
(3) Gerar oportunidades e promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável para as comunidades que vivem no entorno no Parque Nacional das Araucárias, SC;
(4) Gerar conhecimento científico sobre o papagaio-de-peito-roxo e programas de reintrodução de animais silvestres na natureza.
Missão e objetivos:
NOSSOS ROXINHOS
Com o peito roxo e uma mancha vermelha na cabeça, os papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea) são símbolos da Floresta de Araucária, vegetação do Bioma da Mata Atlântica e muito associada com a distribuição dessa espécie. Classificados como "Em Perigo" pela IUCN, sua reprodução ocorre entre agosto e outubro, logo após o final da temporada de temperaturas próximas de 0ºC e do pinhão, semente da araucária e alimento para muitas espécies no inverno.
Ainda que seja uma espécie muito conhecida, especialmente por traficantes de animais, sua biologia ainda era pouco estudada até o inicio dos trabalhos do Instituto Espaço Silvestre. Apelidados carinhosamente de roxinhos, eles chegam para os nossos cuidados de diversas maneiras, como, por exemplo, através de apreensões do tráfico e entrega voluntária por ex-donos desses animais. Por isso, antes de iniciar todos os treinamentos para a soltura, é necessário uma rígida bateria de exames clínicos, adaptação para uma alimentação natural e a confirmação da possibilidade de voo dos animais.
Os papagaios que obtém resultados satisfatórios nesses critérios, são encaminhados para um rigoroso treinamento comportamental que tem como objetivos principais a identificação — e fuga — de predadores e que eles consigam distinguir ambientes de alimentação e dormitório, uma característica comum desses animais na natureza. Para isso, nossa equipe sempre está estudando e produzindo novos trabalhos científicos sobre o tema, diversificando as abordagens e possibilidades.
Concluído com êxito todas as etapas de reabilitação, os animais estão prontos para soltura e são identificados por rádios-colares, microchips e anilhas cedidas pelo Centro Nacional de Pesquisa para Conservação de Aves Silvestres. Eles, finalmente, são trasportados para um viveiro de adaptação dentro do Parque Nacional das Araucárias e permanecem por um período de ambientação no local, sendo aberto todos os dias o viveiro de dia e fechados de noite, até que nenhum permanece mais no local e se sinta seguro para a vida em natureza.